Você pode agradecer o seu sistema imune por diversas coisas. Nem é preciso dizer que ele é o principal responsável por evitar que você tenha de viver dentro de uma bolha para se proteger de doenças, por exemplo. E se você é fã de tatuagens, você ganhou mais um motivo para gostar dele.
Em uma pesquisa publicada na última terça-feira (6), pesquisadores franceses descobriram que o sistema imune ajuda a manter o pigmento aplicado em tatuagens, por conta da resposta das células de defesa.
Para que o pigmento de uma tatuagem se torne permanente na pele, é preciso injetá-lo na derme, a camada do meio de nossa pele. Lá, ficam os macrófagos, uma das várias células do sistema imune, que acabam respondendo ao fato da agulha penetrar e injetar um objeto estranho em seu corpo.
Nesse momento, os macrófagos acabam englobando os pigmentos utilizados em tatuagens como uma espécie de invasor e acabam ficando por lá até a morte. Como elas não vivem muito, outras células vão fazendo esse serviço e é esse programa de “reciclagem” que contribui para que a tatuagem fique permanente.
“Macrófagos, incluindo aqueles que ficam nos pigmentos da tatuagem, não vivem igual a um ser humano. Quando morrem após alguns anos, eles liberam os pigmentos na derme. E esse pigmentos acabam sendo absorvidos por macrófagos vizinhos, que parecem ser as únicas células capazes de lidar com eles”, explicou Sandrine Henri, uma das coautoras do estudo.
Para isso, os pesquisadores fizeram uma tatuagem no rabo de ratos modificados geneticamente (sem lhes apresentar qualquer risco letal) para matarem seus macrófagos com facilidade.
Alguns dias após a tatuagem ser aplicada, os animais receberam uma injeção para matar seus macrófagos, que realmente foi efetiva. No entanto, o desenho não desapareceu.
Após análises, os pesquisadores notaram que novos macrófagos susbtituiram, quase que imediatamente, aqueles que morreram, e logo absorveram os pigmentos. Em 90 dias, a quantidade normal dessas células foi completamente reposta.
Sandrine Henri acredita que essa descoberta pode contribuir para a melhora e desenvolvimento de procedimentos para remover tatuagens, conhecidos por serem caros, demorados e muito dolorosos.
“Acreditamos que nossas descobertas podem permitir que pesquisadores proponham novas estratégias para procedimentos de remoção de tatuagens que sejam mais eficientes e menos dolorosos”, disse a pesquisadora.