As geleiras do norte do Canadá são uma das paisagens mais conhecidas de todo o Ártico, mas elas podem estar com os dias contados. Segundo um estudo da região, muitas dessas geleiras estão diminuindo drasticamente de tamanho e podem vir a desaparecer para sempre em um futuro não tão distante.
Imagens de 1773 geleiras feitas por satélite entre os anos de 1999 e 2015 mostraram que ao todo, o gelo encolheu em cerca de 1700 quilômetros quadrados nesse tempo. Três dessas geleiras chegaram a já desaparecer completamente. A diminuição do gelo é calculada em cerca de 6%.
Em comparação com um estudo mais antigo, realizado entre 1959 e 2005, é possível perceber que o desaparecimento das geleiras se acelerou com o tempo. Nesse período de 46 anos, o gelo diminuiu apenas 927 quilômetros quadrados.
A glaciologista Adrienne White, da Universidade de Ottawa, também no Canadá, afirma que as diferenças já são visíveis para quem vai até a região. “Nós vemos muito mais icebergs. Onde havia uma plataforma de gelo contínua, agora vemos icebergs individuais quebrados, vemos muito mais fissuras”, disse.
Como geralmente é regra em casos como esse, o derretimento acelerado e possivelmente permanente das geleiras do norte canadense está sendo causado pelo aumento da temperatura a nível global.
Para sempre
As regiões próximas ao polo norte da Terra são algumas das que mais sofrem com o aquecimento global. Uma ilha canadense registrou um aumento de temperatura de 3,6 graus em um período de 68 anos, entre 1948 e 2016. Dessa forma, as geleiras correm o risco de não conseguirem se regenerar.
Em algumas partes da região, o gelo pode não sobreviver ao aumento de temperatura, caso o aquecimento continue. “Sem crescimento, essas geleiras estão em estado de perda. Vão desaparecer se o clima não mudar”, afirma White.
Além dos riscos como aceleração do aquecimento global e elevação do nível dos oceanos, o derretimento permanente do gelo no Ártico também pode acabar matando os ecossistemas próximos e dependentes do clima daquela parte do globo.