Recentemente, uma revista médica informou que duas mulheres sofreram cegueira transitória por uso de celular depois de utilizarem seus smartphones no escuro. Ao longo de vários meses, elas sofreram perda de visão por períodos de 15 minutos a uma hora.
As duas mulheres, uma com 22 e a outra com 40 anos, foram submetidas a uma série de exames médicos, incluindo exames de ressonância magnética e exames cardiovasculares. Por fim, eles foram inconclusivos. Mas, antes disso, o médico Gordon Plant determinou que ambas tinham o costume de utilizar regularmente seus smartphones em ambientes escuros.
Antes de ir dormir e logo após acordarem, as mulheres ficavam deitadas de lado e apenas o olho mais próximo ao teto era usado para visualizar seus smartphones. Já o outro olho, mais próximo ao colchão, permanecia fechado sobre o travesseiro enquanto o celular era usado.
Minutos depois que elas fizeram isso, elas tiveram perda temporária da visão no olho que estava se usado para visualizar seus smartphones. No início, isso acontecia cerca de duas ou três vezes por semana, mas logo o incidente começou a acontecer diariamente. Foi aí que elas buscaram a ajuda de um especialista. (Leia também: É possível ficar cego após transar? Veja 4 verdades e 4 mitos sobre sexo)
Diagnóstico
Dr. Plant e seus colegas levantaram a hipótese de que a cegueira temporária em apenas um olho estava sendo causada pelo reajuste irregular à luz entre este olho e o olho do lado do travesseiro.
A retina pode se adaptar a níveis diferentes de luz, provavelmente melhor do que qualquer câmera existente. Ela pode reduzir a sua sensibilidade, de modo que quando você está na praia com sol bem forte em seu rosto ou em algum lugar com muita claridade, você ainda é capaz de enxergar relativamente bem.
Quando a luz atinge a retina, células fotorreceptoras em forma de hastes dentro do seu olho mudam de forma. Isto permite que o sinal de luz recebido seja convertido em impulsos elétricos, que são transmitidos para o seu cérebro. Assim, é possível processar os impulsos em forma de dados, por meio das fibras nervosas. Todo este processo pode levar cerca de 40 minutos para que seu olho volte ao normal. (Leia também: Impressionante ilusão transforma quadrados em círculos no espelho)
O que acontece, então, quando um olho se adapta à um nível alto de luz (como a forte luz emitida pela tela de um celular) e o outro ainda está se adaptado à escuridão? Trata-se do branqueamento diferencial do fotopigmento. Os pesquisadores dizem que, basicamente, isso engana o olho focado na tela, fazendo-o pensar que ele está realmente cego.
A adaptação diferente para cada olho fazia com que o apagado se adaptasse novamente à claridade do dia, enquanto o outro, que recebia luz, entrasse em um estado de “cegueira”. Essa discrepância pode durar vários minutos e, com tempo, evoluir para períodos mais longos e mais constantes.
Cuidados com o celular
Inicialmente, esta forma de cegueira temporária é inofensiva, mas deve ser evitada. Quem tem costume de utilizar o seu celular enquanto se está deitado na cama deve colocar, sempre, ambos os olhos na tela.
Nem todo mundo pode ter este problema ao usar o smartphone da mesma forma. Por enquanto, só foram relatados dois casos deste problema, o que sugere que é uma coisa relativamente rara de acontecer – se é que estes casos estão ligados pelos mesmos parâmetros científicos. (Leia também: Bateria de celular antigo pode alimentar lâmpada solar por três anos)
Ainda é cedo para uma análise final mais concreta, já que a pesquisa se baseou apenas em duas pessoas, por isso os pesquisadores precisam de mais evidências para saber com certeza se isso é algo que está realmente acontecendo com as pessoas.
Rahul Khurana, um porta-voz da Academia Americana de Oftalmologia, concorda com a hipótese de Dr. Gordon. Segundo ele, estes dois casos não são suficientes para provar que olhar para a tela do smartphones no escuro, com apenas um olho, é a causa do problema. Ele também duvida que outros usuários que costumam fazer isso irão experimentar esse fenômeno.