A rotação da Terra é uma constante em nossas vidas – literalmente, porque a noite segue o dia.
Enquanto esse ciclo está longe de terminar, a mudança climática está mexendo com o eixo sobre o qual nossa planeta gira. O derretimento do gelo provocou um desvio no movimento polar. E, segundo os cientistas, assim como o clima, o movimento polar é crucial nos cálculos de GPS e na comunicação via satélite.
O movimento polar é refernte à oscilação periódica e direção dos pólos. Ele tem sido observado por mais de 130 anos, mas o processo que impulsiona os deslocamentos de massa no interior e na superfície da Terra já se arrasta por eras. Durante décadas, o pólo norte tem sido lentamente impulsionado em direção ao Canadá, mas houve uma mudança nessa direção nos últimos 15 anos. Agora ele está indo quase que diretamente para a parte inferior do Meridiano de Greenwich.
Assim como muitos outros processos naturais, como a elevação do no nível do mar e incêndios florestais, as alterações climáticas também desempenham um papel nesta mudança do movimento polar.
Desde por volta dos anos 2000, tem acontecido uma mudança dramática neste sentido em geral. E, sem dúvida, isso ocorre devido à mudança climática. Ela está relacionada diretamente com as camadas de gelo e com a camada de gelo da Groenlândia, segundo Surendra Adhikari, pesquisador do Jet Propulsion Laboratory, da NASA.
Essa camada de gelo tem perdido volume numa velocidade muito alta – uma média de 278 gigatoneladas de gelo por ano, desde os anos 2000, por conta das altas temperaturas no planeta. A Antártida perdeu 92 gigatoneladas num ano ao longo desse tempo, enquanto outras reservas glaciais que vão do Alasca à Patagônia também estão derretendo e enviando água para os oceanos e, com isso, redistribuindo o peso do planeta, o que por sua vez causa a mudança do movimento polar.
Estudo
Adhikari e seu colega, Erik Ivins, publicaram suas descobertas na revista Science Advances, mostrando que o derretimento do gelo explica cerca de 66% da mudança do eixo de rotação da Terra e, particularmente, as perdas significativas ocorridas na Groenlândia.
É um processo incompreensível na escala global, mas pode-se imaginar isso tudo como um pião. Se enquanto ele gira, for jogado um monte de moedas de um centavo sobre ele, isso irá causar uma oscilação na direção. É, essencialmente, o que a mudança climática está fazendo com a Terra.
“Só” isso explica?
A grande perda de gelo não explica toda a mudança. O resto pode ser atribuído a secas e chuvas fortes em certas partes da Terra. Adhikari diz que esse conhecimento poderia ser usado para ajudar os cientistas a analisar casos anteriores de mudanças do movimento polar e padrões pluviais, e também responder perguntas sobre futuras alterações do ciclo hidrológico.
É esperado que o gelo continue derretendo e que, com isso, o movimento polar continue mudando. Surendra Adhikari afirma:
“O que eu posso dizer é que nós antecipamos uma grande perda de massa desde o Oeste Antártico até as camadas de gelo da Groenlândia e isso significa com certeza que a direção geral do pólo não vai voltar para o Canadá.”
De acordo com Florian Seitz, diretor do Instituto Alemão Geodetic Research, o pólo pode continuar se movendo para baixo do Meridiano de Greenwich ou se desviando de uma outra maneira continua e visível. Isso depende muito da região onde o gelo derrete e se o efeito de derretimento do gelo cause outros eventos, como aumento do nível do mar, aumento de armazenamento de água nos continentes e mudanças de zonas climáticas.
Por agora, a mudança do movimento polar é imprescindível para as observações astronômicas e, talvez, ainda seja mais importante para os cálculos feitos por GPS.
fonte: livescience