Comércio de sangue era comum no Brasil antes da implantação do SUS

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Vender bolsas de sangue humano parece mais com alguma história de terror ou crime obscuro, mas isso era comum no Brasil há poucas décadas.

Nem sempre o Sistema Único de Saúde (SUS) existiu e com isso, bancos de sangue privados eram mais comuns, sendo frequentemente pagos por hospitais por seus estoques, que eram mantidos por pessoas que também se beneficiavam desse comércio.

Até 1988, ou seja, há 32 anos, 70% de todo o estoque de sangue no Brasil era comprado. Os bancos de sangue privados remuneravam os doadores e repassavam o sangue aos hospitais por um determinado valor que os permitisse lucrar.

Nos bancos públicos, a situação era mais próxima da atual, com o estoque sendo preenchido por voluntários, geralmente militares, que eram convocados a doar.

Dessa forma, os hospitais dependiam dos bancos públicos, com estoques sempre baixos, infelizmente, ou compravam dos bancos privados.

Até mesmo os hospitais públicos precisavam recorrer aos estoques privados, o que acarretava em custos ao governo. Isso quando havia verba para comprar sangue, é claro.

Sendo uma forma “fácil” de se ganhar dinheiro, muitas pessoas de baixa renda recorriam aos bancos privados para levantar algum dinheiro, especialmente em épocas de desemprego e crises econômicas, tão comuns na época.

Só que isso trouxe um problema que levou ao fim do comércio de sangue no Brasil. Uma verdadeira crise sanguínea.

A Aids e os bancos de sangue

Nos anos 80, a Aids se espalhou pelo mundo e como sua disseminação se dá também pela via sanguínea, transfusões se tornaram arriscadas.

Isso porque, sem o SUS, a fiscalização da qualidade dos estoques era muito inferior a de hoje. As pessoas mais pobres que abasteciam os bancos em troca de dinheiro geralmente possuíam problemas de saúde e isso passou a ficar especialmente problemático com a chegada da Aids.

Muitas pessoas morreram por causa da transfusão, onde recebiam sangue infectado com o vírus HIV. Foi o caso de três irmãos famosos, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, o cartunista Henfil e o músico Chico Mário.

Eles sofriam de hemofilia, doença que necessita de transfusão para o tratamento e foram infectados com Aids, falecendo pela doença.



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