A história de Brryan Jackson voltou a ganhar notoriedade nos últimos meses. O jovem de 24 anos é portador do vírus HIV, injetado pelo próprio pai, Brian Stewart, quando ele ainda era um bebê.
Brryan Jackson nasceu no estado de Missouri, nos Estados Unidos, em 1991. O bebê veio saudável ao mundo, mas a família relata que o comportamento de Brian Stewart com relação ao filho e à sua até então mulher mudou com o tempo.
Em uma espécie de vingança à mãe de Jackson, que se identifica somente como Jennifer, Stewart, que era médico, conseguiu sangue infectado com o vírus da Aids e injetou no próprio filho.
Agora, 24 anos depois, Brryan Jackson enfrenta o próprio pai na justiça. O jovem faz questão de estar de frente ao pai para contar a ele os efeitos do crime que cometeu e garantir que ele ficará na cadeia por quanto tempo for justo. “Não tenho qualquer ligação com Brian Stewart. Sou vítima de seu crime”, afirmou, à BBC Brasil.
História
Os pais de Brryan Jackson se conheceram em um centro militar, no estado de Missouri, onde eram treinados para serem médicos. Cinco meses após morarem juntos, a mãe de Jackson ficou grávida. Enquanto isso, Brian Stewart foi mandado para uma operação da Guerra do Golfo.
Brian Stewart voltou estranho, segundo relatos dos familiares. Ele exigia testes de DNA e queria provar que Brryan Jackson não era seu filho. Mas era. Stewart passou a agredir a mãe de Jackson, física e verbalmente.
Após a separação, Brian Stewart se recusava a pagar a pensão alimentícia e ameaçava, de forma sutil, acabar com a vida do próprio filho. Não se imaginava que ele fosse além. Mas foi.
O crime
Brian Stewart começou a trabalhar com exames de sangue em um laboratório e coletar amostras de sangue infectado. Nesta mesma época, Brryan Jackson tinha 11 meses de vida e sofreu uma crise de asma. Foi internado em um hospital, mas logo recebeu alta.
A mãe de Brryan Jackson ligou para Brian Stewart, para avisar sobre a crise. Stewart, inesperadamente, apareceu para visitar o filho. Pediu um momento a sós com o bebê.
Sozinho, Stewart tirou uma ampola com sangue infectado com HIV do bolso e injetou no próprio filho. Os sinais vitais de Jackson se alteraram rapidamente, mas, mesmo com a reação do bebê, que ficou aos prantos, os médicos deram alta para o garoto.
Além de transmitir HIV, Stewart passou outras três doenças para Jackson, fora que a injeção continha sangue incompatível com o dele. Em semanas, a saúde de Jackson se deteriorou. E nenhum diagnóstico apontava a causa.
Problemas
Somente aos cinco anos de idade, Brryan Jackson foi diagnosticado com Aids, além das três doenças anteriormente citadas, mas não descritas pela reportagem da BBC Brasil. Deram cinco meses de vida a Jackson.
Curiosamente, Brryan Jackson sobreviveu. Sua saúde era instável – poderia estar bem em um dia e, no outro, internado em um hospital. Porém, conseguiu manter-se vivo.
Hoje, Brryan Jackson tem apenas a audição no ouvido esquerdo afetada. O maior problema, no entanto, foi psicológico. Jackson não teve uma infância como a de outros garotos, visto que tinha infecções com frequência. Sofreu bullying por muitos anos e ainda lida com o fato de que seu pai foi o responsável por tudo isto.
“Eles me chamavam de ‘menino Aids’, ‘menino gay’. Foi quando comecei a me sentir isolado e solitário. Parecia não haver um lugar no mundo para mim”, disse Brryan Jackson à BBC Brasil.
Atualidade
Brian Stewart foi preso em 1998 e condenado à prisão perpétua. Ele ganhou direito a ter liberdade condicional em 2011, mas foi julgado recentemente, com a participação do filho em seu julgamento, e o veredito da justiça americana, até o momento, é que Stewart vai continuar preso.
Brryan Jackson, por sua vez, conseguiu mudar o nome (ele foi registrado como Brian Stewart Jr.) e aceitou a ideia de que seu pai deveria ser perdoado. No entanto, ele crê que Brian Stewart deve seguir pagando pelo crime que cometeu.
Hoje, Brryan Jackson conta sua história em palestras motivacionais. Ele também comanda uma instituição de caridade, a Hope Is Vital, que conscientiza a população em geral sobre o HIV.
Apesar de todas as dificuldades, Brryan Jackson diz que, hoje, está “mais saudável que um cavalo”, graças a seu bom sistema imunológico. Os riscos da doença foram reduzidos ao máximo, a ponto de ele não conseguir nem mesmo transmitir o vírus a outras pessoas.
Ele pensa em ter filhos, por meio de inseminação artificial. A técnica de “lavagem de esperma” pode ajudá-lo – ela separa os espermatozoides do fluido seminal, o que permite que pais soropositivos tenham filhos sem passar a doença às suas parceiras.
Jackson reconhece que sua doença é incurável. No entanto, faz o possível para que tenha uma vida normal.