Encélado, uma das luas de Saturno, pode abrigar vida, dizem cientistas

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Encélado, uma das várias luas do planeta Saturno, e que tem sua superfície congelada, pode ser o melhor lugar para abrigar vida fora da Terra, de acordo com cientistas. Essa afirmação surge após o envio de novas informações pela sonda Cassini, que está circulando Saturno.

A sonda, que passou bem perto da Lua, recolheu algumas amostras de água que foram expelidas por Encélado (seu polo sul possui diversos gêiseres que expelem o líquido). E a análise química feita pela Cassini indica que o oceano que fica abaixo da superfície do satélite possui fontes hidrotermais. Locais que, na Terra, são conhecidos por terem vida.

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Os gêiseres do pólo sul de Encélado. Fonte: Nasa

Isso não significa que existam organismos vivendo na pequena lua de Saturno, pois seu ambiente ainda pode ser estéril. Mas esses resultados indicam que é possível retornar ao satélite com equipamento mais sofisticado e moderno, para reanalisar as amostras de água e tentar encontrar evidências biológicas nela.

“Nós temos quase certeza de que o oceano interno de Encélado é habitável, e nós precisamos retornar para investigar mais profundamente”, disse o cientista Hunter Waite, do Instituto de Pesquisa do Sudoeste, em San Antonio, nos EUA, e um dos responsáveis pela missão Cassino.

Descoberta de Hidrogênio

Acredita-se que o oceano interno de Encélado possui diversos quilômetros de profundidade, e se mantém no estado líquido por conta do calor gerado pela influência gravitacional que a lua recebe de Saturno. A sonda Cassini também já indicou a presença de certos tipos de sal e sílica nas amostras que foram recolhidas.

Mas o que os cientistas realmente queriam saber é se um processo peculiar visto na Terra também está presente no fundo do oceano de Encélado, chamado de serpentinização.

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Composição de Encélado. Fonte: NASA

Nesse processo, o sal da água acaba reagindo com rochas que são ricas em ferro e magnésio. E conforme esses minerais incorporam as moléculas de água em sua estrutura cristalina, eles liberam hidrogênio, que pode ser utilizado por alguns micróbios como fonte de energia para controlar seu metabolismo.

Para a alegria dos cientistas, a Cassini conseguiu detectar sinais de hidrogênio molecular nas amostras que coletou da lua.

“Se você é um micro-organismo, o hidrogênio seria um doce, é sua comida favorita. Ele é muito bom energeticamente, e suporta os micro-organismos em grande estilo. Encontrar hidrogênio (em Encélado) é certamente uma grande descoberta, é a cereja do bolo para o argumento de que possa existir vida por lá” disse o astro biólogo da NASA, Chris McKay.

Um ano de análises e o fim da Cassini

A NASA, que é responsável pela missão Cassini, pensou em fazer o anuncio da descoberta de hidrogênio em Encélado há alguns meses, mas precisou adiá-lo. O motivo é que os cientistas ficaram preocupados com a possibilidade de um instrumento da sonda estar desenvolvendo o hidrogênio molecular dentro de si mesma.

Por conta disso, Hunter Waite e seu grupo ficaram um ano analisando as informações da Cassini, para terem certeza de que os sinais de hidrogênio estavam ligados às amostras recolhidas, e não que fosse artefato do instrumento da sonda.

E apesar da serpentinização ser a melhor explicação para a aparição do hidrogênio nas amostras, os cientistas lembram que também é possível produzir o gás com o aquecimento de uma rocha bem primitiva, que deve estar presente no fundo do mar da Lua.

A sonda Cassini já está no fim de sua vida. Após passar os últimos 12 anos circulando Saturno, ela agora está ficando sem combustível, e deve se chocar contra a superfície do planeta em Setembro.

Novos rumos

A NASA já deu luz verde para enviar uma missão para Europa, uma das luas de Júpiter, que também possui um oceano abaixo de sua superfície congelada, e é bem provável que também tenha o processo de serpentinização. Mas o grande problema é que sua crosta de gelo é bem mais grossa que a de Encélado, e por conta disso, pouca água deve escapar dela.

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Europa, uma da luas de Júpiter. Fonte: NASA

“A missão Cassini trouxe Encélado para a lista de lugares que podemos procurar vida em nosso sistema solar. São três lugares que estão nas mesmas condições. Tem Marte, que pode ter abrigado vida há 3,8 milhões de anos, quando as condições eram diferentes de agora. Há também Europa, com seu oceano abaixo da superfície, e agora Encélado. Esses três lugares podem ter, ou já tiveram, as condições ideais para vida”, disse o cientista Andrew Coates, um dos responsáveis pela missão Cassini.

“Para abrigar vida, é preciso ter água líquida, componente orgânicos, e os elementos CHNOFE (sigla para Carbono, Hidrogênio, Nitrogênio, Oxigênio, Fósforo e Enxofre). Sim, nós ainda não medimos Fósforo e Enxofre em Encélado. Mas você também precisa de algum tipo de fonte de energia metabólica, e os novos resultados da Cassini tem uma importante contribuição”, complementou Hunter Waite.

Fonte: BBC

 

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