Todo mundo já recebeu uma notícia um tanto quanto suspeita nos chamados “grupos de família” do WhatsApp. Um estudo mostrou que o app de mensagens instantâneas é um ambiente muito propício para a propagação de fake news, o que pode ter consequências bastante graves.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) conduziram um estudo baseado em boatos propagados após a morte da vereadora carioca Marielle Franco. Mais de 2500 pessoas responderam um questionário sobre o assunto e mais da metade delas afirmou ter recebido em grupos de WhatsApp reunindo membros da família, notícias falsas sobre o caso.
As informações falsas afirmavam que a vereadora havia tido um relacionamento com o traficante carioca conhecido como Marcinho VP e em alguns casos até mesmo uma foto dos dois chegou a ser veiculada. Obviamente, a informação não é verdadeira e as pessoas na foto não são nem Marcinho, nem Marielle.
A notícia falsa surgiu ainda no mesmo dia em que Marielle foi assassinada e logo chegou a outras redes sociais, onde não proliferou tanto, já que as redes possuem políticas para frear o avanço de fake news, ao contrário do WhatsApp, que é apenas um aplicativo de mensagens, sem nenhum rastreamento das informações divulgadas.
O professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP, Pablo Ortellado, não culpa totalmente os polêmicos grupos de família. “Pode ser apenas que existam mais grupos de família do que grupos de amigos ou de colegas de trabalho e os boatos tenham circulado igualmente em todos eles, mas, como há mais grupos de famílias, nosso estudo tenha apenas captado essa distribuição dos grupos”, afirmou.
O problema das fake news
O estudo da USP foi baseado em uma outra pesquisa realizada em Israel, em 2014, quando uma menina israelense foi sequestrada na Cisjordânia. Para não interferir, a mídia local não noticiou o caso enquanto ele ocorria, porém, mensagens no WhatsApp não paravam de circular.
A pesquisa avaliou que havia 13 notícias diferentes sendo espalhadas no aplicativo, das quais 4 eram falsas. Isso poderia ter prejudicado o andamento das negociações com os sequestradores.
No Brasil, há diversos casos de fake news disseminadas no WhatsApp, a maioria delas relacionadas a política. Especialistas estão preocupados com a possibilidade de que essas notícias falsas tenham um impacto negativo nas eleições presidenciais, que acontecem no próximo mês de outubro.