Estamos em constante movimento. Não com relação a pessoas, carros, barcos e aviões, mas, sim, o nosso planeta.
Você sabia que a Terra se move a incríveis 1.675 km/h? Surpreendente, não? Mas por que não percebemos tal velocidade? Por que não ficamos enjoados ou tontos no processo? O motivo é simples: nosso cérebro, olhos e ouvidos não sabem que estamos girando.
Segundo o professor Antônio Ruiz de Elvira, professor de Física da Universidade de Alcalá, em Madri, a tontura é um efeito secundário de um mecanismo que temos no corpo e serve para manter nosso equilíbrio nas três dimensões. O mecanismo é formado pelos canais semicirculares que estão conectados entre os ouvidos.
Sempre que movemos a cabeça lentamente, o corpo registra essa mudança e aciona diferentes músculos para que possamos nos manter em pé. Mas se o movimento é muito rápido, o cérebro não sabe quais sinais enviar e podemos cair, por falta de coordenação muscular.
Um exemplo simples: se você estiver em um avião sem turbulência à noite, o cérebro não perceberá o movimento e a tontura não ocorre em função disso. É o que acontece com a Terra.
Mas o que aconteceria se a Terra, do nada, parasse de girar em seu próprio eixo?
Inércia e desastre
Se fosse uma parada brusca, se de imediato, as consequências seriam desastrosas. Sentiríamos na pele o efeito da inércia.
Imagine você viajando em um carro a 100 km/h, sem cinto de segurança. De repente, o veículo bate de frente com um poste. O efeito da inércia é o responsável em fazer seu corpo continuar se movendo a tal velocidade – ou seja, voar pela janela. (Veja também: E se os oceanos desaparecessem?)
Agora imagine esse efeito a incríveis 1.675 km/h. Todos os seres humanos voariam. Construções, como prédios e casas, viriam abaixo bruscamente. Árvores por todo o planeta cairiam. Todas as formas de vida terrestre seriam arremessadas fortemente. Só não seria tão desastroso se você estiver em um campo aberto: neste caso, seu corpo seria arremessado por vários metros até cair no chão.
Uma espécie de terremoto aconteceria por todo o planeta. Mas os efeitos não seriam apenas em terra firme: os mares também seriam bem afetados. Por causa da parada brusca, ondas gigantescas se formariam por todo o planeta e cidades litorâneas inteiras seriam varridas.
Os pontos menos afetados seriam os extremos norte e sul da Terra, que praticamente não sentiriam nada com a freada brusca por estarem no centro do eixo de rotação.
Dia? Noite?
Já com o planeta parado, o que conhecemos por dia e noite não existiria mais. Metade do planeta ficaria em um dia eterno e a outra metade ficaria em uma escuridão gélida. A parte que ficasse virada para o Sol se tornaria um deserto, com uma temperatura extremamente alta. O trecho contrário ficaria em uma escuridão eterna e um frio extremo tomaria o clima do local.
Fortes rajadas de vento atingiriam ambas as partes por conta das temperaturas extremas. Em situações tão adversas, seria difícil continuar a ter vida na Terra. (Veja também: O que aconteceria com o nosso planeta se a Lua desaparecesse?)
Mas não se preocupe…
Antes de você se prender com algum cinto de segurança, saiba que é praticamente impossível que a Terra pare de girar do nada. No vácuo do espaço, não existe nada que possa freá-la – ou seja, ela vai continuar girando no mesmo ritmo por muito tempo.
Somente algo inesperado pode frear a Terra. Colisões com meteoros ou alguma explosão solar, por exemplo. Falaremos disso depois. (Veja também: Partes do manto da Terra estão ‘descascando’)
Texto original de Renan Ralts para o canal Acredite Ou Não, no YouTube.