Imagine se alguma civilização alienígena nos atacasse e cortasse a Terra ao meio, em duas partes perfeitamente iguais. O que aconteceria?
Primeiro, é necessário construir um cenário para tal. Os alienígenas resolveram fazer uma “pegadinha” com nós, terráqueos, partindo a Terra ao meio. Eles separaram as metades e as deixaram em uma órbita binária. A Lua não é considerada nesta simulação.
Assumindo que a linha divisória atravessasse os oceanos Atlântico e Pacífico, os mares seriam sugados para o centro da Terra em questão de dias. Toda a água seria escoada pelo manto terrestre.
Com isso, os oceanos seriam drenados a uma profundidade de 4,5 km. O oceano Ártico secaria completamente e o Índico escoaria em torno da Antártida, com a mesma profundidade, mas durante um período maior.
No entanto, a Terra em si não teria tempo para vislumbrar esse evento. A atmosfera também seria drenada.
Como seria a separação?
Cortar a Terra seria “fácil”. Difícil seria separar as metades. Caso nada fosse feito para tirar uma das partes, não seria possível notar a diferença. Seria como uma rachadura no chão, que logo se fundiria novamente.
Para que as duas metades do planeta se afastassem, seria necessária uma força de propulsão astronômica, já que a Terra continuaria unido pela gravidade.
Consequências consideráveis
Vamos supor que as duas metades, já separadas, fossem afastadas em alguns milhares de quilômetros em um piscar de olhos. Em seguida, toda a borda em torno da área cortada sentiria a descompressão explosiva horizontal.
Como consequência, viriam ventos muito fortes, pois o ar seria puxado para a área de divisão. Com isso, seria formada uma bolha bem ao meio do corte, no núcleo. Em cerca de 10 horas, os ares terão se propagado para o interior da esfera, na velocidade do som.
Assim que os ventos parassem, a atmosfera seria destruída de forma uniforme, sob a camada de superfície que ainda parece uma laranja cortada no meio. A nova densidade será 2/3 da original. No entanto, o ar não seria distribuído igualmente, já que cairia para o centro do corte.
Além disso, o ar não teria a mesma densidade que antes da separação. Como o planeta está menor, a gravidade da superfície também se reduz. Com isso, a atmosfera não seria tão concentrada na superfície. Seria como respirar em cima do pico do Monte Everest. Muitos morreriam instantaneamente.
A maior parte do oxigênio se concentraria no hemisfério do corte, já que cada metade teria um novo ponto gravitacional. Nas bordas, os ventos iniciais na velocidade do som, se expandindo livremente ao vácuo, ajudaria a esvaziar os oceanos ainda mais rapidamente.
Neste momento, milhões de pessoas seriam arremessadas ao vácuo, junto do magma e destroços de cidades inteiras.
E dá para piorar?
Dá sim. Com o corte do planeta, a pressão no núcleo cai, essencialmente, para zero, uma vez que o material nuclear esguicha para os lados. Ou seja, lava para todo o canto.
Todo o núcleo se tornaria líquido, com uma temperatura inicial entre 3.700°C a 5.700°C. Com o líquido do núcleo central, não haveria possibilidade das bordas manterem a forma. Assim, o formato inicial de limão cortado que imaginamos mudaria para algo como espremer a fruta até que ela fique redonda novamente.
A Terra começaria a fluir para baixo, em torno de toda a nova face plana. É como se o planeta estivesse implodindo, caindo sobre ele mesmo, para formar um novo centro e se tornar redondo de novo – só que menor. O processo seguiria até que se transformasse em uma esfera com diâmetro de 10 mil km.
A superfície original seria devastada e perdida. Durante o processo, a humanidade seria completamente aniquilada. Placas tectônicas seriam partidas e continentes inteiros seriam virados do avesso.
As duas metades se tornariam dois blocos secos e escaldantes, repletos de magma. Ficaria desta forma por milhares de anos, com cada parte se orbitando mutuamente.
Sem vida?
Os vestígios de vida no geral sumiriam da Terra. No entanto, ainda existiriam seres microscópicos, como os famosos tardígrados.
Eventualmente, a água sugada para o centro do planeta seria expelida conforme o magma lançasse o vapor para fora. Ou seja, tornaria-se água de novo. Assim, dois planetas Terras reduzidos nasceriam.
A vida evoluiria de forma completamente diferente em ambos os planetas, com novas estações e nova cultura. Porém, com a separação, haveria um novo campo magnético, propício a tragédias naturais ainda mais intensas.
Este texto foi escrito originalmente por Peter Jordan para o canal Acredite ou Não, no YouTube. Edição textual por Igor Miranda. Veja a versão em vídeo: