O gesto de unir os dedos polegar e indicador em um círculo geralmente tem uma conotação inofensiva, mas grupos White Power estão se apropriando dele.
Esses grupos são defensores da supremacia branca sobre pessoas de outras raças e não é raro se apropriarem e distorcerem símbolos que nasceram com outra conotação, como é o caso da suástica dos nazistas.
O sinal, que pode ser identificado como “ok”, ou como uma ofensa sem conotação racial, e tem até mesmo um emoji para representa-lo, foi classificado em 2019 como um exemplo de gesto usado por supremacistas brancos White Power.
A classificação foi feita pela Liga Antidifamação (ADL, na sigla em inglês), uma organização que monitora crimes de ódio nos Estados Unidos.
A prática de ressignificar sinais e símbolos não é nova entre organizações e grupos de extrema direita. Além do “ok”, o processo ocorreu com a suástica, hoje associada ao nazismo, mas que tem sua origem em diversas culturas, como um símbolo religioso.
O mesmo ocorre com símbolos pagãos, especialmente de origem nórdica, como algumas runas, que são originalmente letras de um alfabeto antigo com significados mágicos para os praticantes desses cultos.
A ADL aponta que o uso do “ok” é recente e surgiu na internet, como uma forma de supremascistas brancos se identificarem.
No entanto, o significado do gesto é mantido propositalmente ambíguo já que, na maioria das vezes, ele é usado apenas para mostrar que está tudo bem.
A semiótica do problema
Para os racistas, o gesto simboliza as letras W – com os três dedos levantados – e P – formada pelo círculo com os dedos indicador e médio, além da continuação da mão e antebraço.
As letras são as iniciais de White Power, como é comumente chamada a doutrina que prega a superioridade das pessoas brancas em relação a negros, asiáticos e demais etnias.
Entre alguns exemplos do uso do símbolo com conotação racista estão o assassino de Christchurch, na Nova Zelândia, que agiu motivado por questões étnicas.
Ele fez o gesto mais de uma vez durante seu julgamento. Membros do grupo Proud Boys, da extrema direita dos Estados Unidos, também fazem uso frequente do símbolo.
Mais recentemente, no Brasil, Filipe Martins, assessor do presidente Jair Bolsonaro, foi flagrado fazendo o gesto durante uma sessão no Senado Federal.
Ele nega, dizendo que estava apenas ajeitando a lapela de seu terno e que tem ascendência judaica, o que iria contra ideais de supremacia branca.