Pesquisa brasileira mede radiação nas vítimas da bomba de Hiroshima

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Um dos eventos mais marcantes da história da humanidade foi o lançamento da bomba de Hiroshima, em seis de agosto de 1945, que marcou o primeiro ataque com um armamento nuclear na história e o fim da Segunda Guerra Mundial. A cidade japonesa foi praticamente dizimada e seus sobreviventes tiveram de conviver com os efeitos da radiação pelo resto de suas vidas.

27 anos depois do acontecimento, um pesquisador brasileiro, chamado Sérgio Mascarenhas, conversava com um professor da prestigiada Universidade de Harvard sobre o assunto. Ele afirmava que a radiação poderia deixar os ossos humanos magnéticos e que existiria uma “memória magnética” nos ossos dos sobreviventes da bomba de Hiroshima.

Com a ajuda de pesquisadores japoneses, Mascarenhas conseguiu exemplares de ossos de vítimas do ataque. O melhor osso que conseguiu foi o maxilar de uma pessoa que estava a pouco mais de um quilômetro do centro da explosão.

Mascarenhas até conseguiu conduzir alguns estudos com os exemplares e apresentou os resultados em 1973, mas não foi possível deduzir muita coisa com a tecnologia da época. Mas agora, outros pesquisadores brasileiros decidiram continuar com essa pesquisa, e com a atual tecnologia, fizeram descobertas surpreendentes.

Os pesquisadores brasileiros, com o uso de uma técnica chamada ressonância de spin eletrônico, descobriram que o exemplar de mandíbula adquirido por Mascarenhas absorveu 9.46 grays de radiação da bomba de Hiroshima. Para efeito de comparação, durante uma radioterapia, um paciente absorve de dois a três grays de radiação apenas na parte do corpo em que o tumor está localizado.

Oswaldo Baffa, um dos responsáveis pela nova pesquisa e professor da Universidade de São Paulo (USP), lembrou que cinco grays já são o suficiente para matar uma pessoa.

Em 1997, cientistas de Taiwan fizeram um experimento parecido, mas apenas examinaram os efeitos do tratamento de radioterapia. De acordo com os pesquisadores brasileiros, essa é a primeira vez que é medida a quantidade de radiação nos ossos de sobreviventes da bomba de Hiroshima.

Os responsáveis pela pesquisa acreditam que ela pode ser de fundamental importância para casos semelhantes, ainda mais em um mundo que vive aterrorizado por atentados terroristas.

“Imagine alguém em Nova Iorque plantando uma bomba com uma pequena quantidade de material radioativo. Técnicas como essa podem ajudar a identificar quem foi exposto à radiação e precisa de tratamento”, afirmou Baffa.

O estudo surgiu a partir de um trabalho de pós-doutorado de uma ex-aluna de Baffa, chamada Angela Kinoshita. Mascarenhas está com quase 90 anos de idade, mas sua pesquisa ainda não terminou.

“Os resultados que conseguimos com esse último estudo são mais confiáveis e atualizam as descobertas preliminares, mas estamos avaliando uma metodologia que é mil vezes mais sensível que a ressonância de spin eletrônico. Teremos mais notícias em alguns meses” finalizou Baffa.

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