Até mesmo os peixes são prejudicados pelo uso de drogas, mas a culpa continua sendo do ser humano. Um estudo mostrou que cocaína presente em rios da Europa está prejudicando a saúde de uma espécie de enguia, impedindo que elas realizem a longa migração que fazem para se reproduzir.
Os rios da Europa, de um modo geral, possuem níveis altos de cocaína que vai sendo depositada neles de forma irresponsável. Estima-se que o rio Pó, na Itália, despeje no oceano cerca de 4 quilos de cocaína por dia. E não, não é uma piada.
Quem mais sofre com isso são os peixes, principalmente as enguias. Um estudo da Universidade de Nápoles Federico II mostrou que as altas quantidades de cocaína na água dos rios têm causado problemas musculares, inchaço e hiperatividade nas enguias europeias, comprometendo ainda sua reprodução.
Testes em laboratórios, conduzidos com enguias submetidas a águas contaminadas, mostraram que o dano causado pela cocaína na água era permanente, o que pode levar à extinção da espécie.
A reprodução das enguias europeias é bastante complexa e só foi totalmente entendida há pouco tempo. O processo envolve uma viagem bastante longa e a atrofia nos músculos impediria os peixes de realizar essa verdadeira jornada para perpetuar a espécie.
Lá e de volta outra vez
As enguias europeias não se reproduzem nos rios onde vivem. Para seus filhotes nascerem, esses peixes nadam para fora do continente europeu e cruzam o oceano Atlântico até próximo da costa da América. Lá, as larvas conhecidas como leptocéfalos crescem e passam por diversas fases à medida que voltam pelo Atlântico, até retornarem aos rios europeus.
Os leptocéfalos são tão diferentes das enguias, que as pessoas sempre acharam que fossem animais completamente diferentes. Foi só em 1920 que o biólogo dinamarquês Johannes Schmidt juntou as duas coisas e percebeu que se tratava da mesma espécie em estágios diferentes da vida.