Há alguns dias, o Brasil ficou sabendo que uma cobra naja estava solta em Brasília e picou um estudante de veterinária. Mas como isso virou caso da Polícia Federal?
Acontece que a cobra entrou no país de forma ilegal e acabou se mostrando apenas como a ponta do iceberg: o estudante que foi picado está envolvido com tráfico de animais silvestres e possivelmente com a produção de entorpecentes.
Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkuhl foi picado pela cobra naja e quase morreu, dado que ela não é uma espécie endêmica do Brasil, logo não há disponibilidade de soro antiofídico para seu veneno.
Ele chegou a ficar em coma, mas se recuperou, apenas para ser preso pela Polícia Federal, em uma operação brilhantemente batizada – como de costume – de Operação Snake.
Mas a naja não era a única espécie animal na casa de Pedro. A PF encontrou outras 16 serpentes em uma chácara da família dele, todas em péssimas condições.
A naja que o picou foi liberada por um amigo e comparsa, tendo feito um grande caminho pela capital, até ser encontrada muito próxima a um shopping.
Pedro ainda está com a saúde debilitada, mas teve a prisão preventiva decretada, permanecendo na cadeia por pelo menos 5 dias.
As cobras teriam entrado no país com a ajuda de uma funcionária do Ibama, que já está afastada de seu cargo, e que fornecia a ele permissões ilegais.
Ele está sendo descrito como traficante de animais, não apenas colecionador, como alega a defesa.
O veneno da naja
A cobra que picou Pedro é uma naja kaouthia, nativa das regiões sul e sudeste da Ásia. Ela tem aproximadamente 1,5 metro de comprimento e os responsáveis por ela ainda não identificaram se é um macho ou uma fêmea.
Em seu habitat, ela costuma ser encontrada em campos de plantação de arroz.
O veneno dessa espécie de naja afeta o sistema neurológico, causando paralisia e podendo matar por parada respiratória.
O Instituto Butantã, em São Paulo, era o único local no Brasil que possuía um pequeno estoque de soro antiofídico para essa espécie, usado apenas para estudo.