Na madrugada desta quarta-feira (14), o presidente Jair Bolsonaro foi encaminhado ao Hospital das Forças Armadas (HFA) com dores na barriga, recorrente de um soluço persistente, podendo ter relação com medicamentos por conta de cirurgia de implante dentário.
Segundo especialistas em entrevista para o G1, a condição é considerada rara e, de fato, pode ter origem medicamentosa e ser intensificada de acordo com características de cada paciente.
O professor de gastroenterologia da PUC e médico, Flávio Quilici, explica que a situação incômoda tem relação com um dos principais músculos da respiração, o diafragma.
“Quando o diafragma descontrai, isso faz com que você jogue o ar para cima e a glote (que é a passagem que abre para o estomago ou para o pulmão) fecha, e faz aquele barulho”.
Além disso, o soluço é comum e ocorre todas as vezes em que uma irritação da enervação acontece, mas a permanência em si é bem rara.
“É raríssima vezes que isso persiste por mais de 48 horas, que se caracteriza como uma síndrome do soluço persistente”, explica Quilici.
O quadro pode se agravar quando se tiver alguma complicação esofágica, como a doença do refluxo ou alguma cirurgia abdominal – tal qual é a situação do presidente.
De acordo com a gastroenterologista do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Maíra Marzinotto, a cirurgia para implante dentário está relacionada com o nervo vago, que possui ramificações do canal auditivo até o diafragma.
Entretanto, como não é todo mundo que vá desenvolver crises de soluço por conta de problemas no nervo vago, Marzinotto afirma que medicamentos também possam ocasionar. “Principalmente alguns anestésicos mais fortes, de cirurgias gerais”.
A solução de tratamento para o soluço é com base em sua origem. “O ideal é sempre procurar a causa do soluço, porque utilizar uma medicação para controlar é medicar uma consequência, assim o problema vai persistir”, explica.
A especialista diz que é possível realizar um procedimento de instalação de um marca-passo para ajudar a corrigir o ritmo do diafragma para o controle dos soluços, mas só acontecem em casos extremos – quando o sintoma persiste por meses.