Uma cientista que estuda a dinâmica dos fluídos corporais em várias espécies animais se deparou com o maior desafio de sua carreira: o vombate.
O pequeno animal é famoso por produzir fezes em formato de cubo, algo único em todo o mundo. Ela buscou entender o motivo das fezes de vombate se formarem desse modo e porque isso é algo tão único.
Patricia Yang se deparou com o dilema do cocô cúbico do vombate quando criou um modelo matemático que explicava a movimentação de fluídos através dos corpos.
No entanto, esse modelo não se aplicava ao pequeno mamífero australiano, conhecido como o único animal no mundo que produz fezes cúbicas. Ninguém nunca soube explicar o motivo disso.
Em 2018, ela e o colega David Hu, começaram a estudar o intestino dos vombates a fim de entender como a massa fecal ganhava o formato.
A teoria mais simples seria a de que o ânus dos animais possui um formato quadrado que molda as vezes, mas além de isso não ser verdade, o intestino analisado mostrou que os cubos se formam muito antes de serem excretados.
O mistério foi resolvido com muitos cálculos e chegou-se a conclusão de que tudo acontece no intestino. O órgão tem cerca de 9 metros de comprimento, enquanto o vombate raramente passa de 1 metro.
Isso faz com que a jornada dos alimentos em digestão seja longa, para que o animal consiga retirar mais nutrientes. Daí as fezes secas e com aparência “cúbica”.
Moldando a “argila”
Análises de Yang e Hu no intestino do vombate mostraram que ao longo de sua extensão, o tecido varia entre mais duro e mais mole, o que reflete nas contrações durante a digestão.
Dessa forma, o intestino consegue moldar o bolo fecal como se fosse argila, conforme retira de lá todos os nutrientes e principalmente a água, já que os animais vivem em locais muito secos.
O formato cúbico é definido na parte final da digestão, a partir de cerca de 83% do caminho. O vombate pode expelir até cerca de 100 cubinhos de fezes por dia, que são usados até mesmo como meio de demarcar território e alguma comunicação básica.
